quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Brasil: uma carapuça para todos

Ditadura: Forma de governo em que todos os poderes se enfeixam nas mãos dum individuo, grupo, partido ou classe. Tirania.
Tirano: Governante injusto, cruel ou opressor. Individuo impiedoso, ou que abusa de sua autoridade.

“Você sabe com quem está falando?”
Quem nunca ouviu essa frase durante uma discussão? Não importa se foi numa conversa entre um policial e o filho do coronel, ou entre um motorista de ônibus e um estudante da UFRJ irritado com uma parada fora do ponto, o que vale é que uma grande parcela da população brasileira sobe nos tamancos quando adquiri algo que está inacessível a outros.

Pode ser o mais pobre estudante de Letras ou o mais rico estudante de Direito, ambos compartilham de uma sensação de prazer com o poder que conquistaram à custa da sociedade em geral. Ás vezes só é preciso olhar o próprio cotidiano para presenciar injustiças cometidas por indivíduos ou grupos que controlam alguma coisa. Basta permitir que uma pessoa coordene alguma coisa (como por exemplo, um blog) e já podemos ver manifestações de tirania surgindo. A idéia de que o comportamento é influenciado “de cima para baixo” deve começar a ser revisto; corrupção, opressão e abuso de autoridade estão presentes também nas classes médias e baixas despolitizadas do Brasil.

Outra forma de pactuar com a opressão é omitir-se frente às situações vividas. Durante o período militar uma boa parte da classe média preferiu isentar-se através do voto nulo, permitindo a manutenção do grupo tirano que se instalara no poder. O silêncio nada mais é do que o reflexo do “pactuísmo” e da fraqueza (da pessoa, grupo etc.).
Hoje costuma se falar de boca cheia em democracia, sem prestar um olhar critica as injustiças causadas pela vontade da maioria. Aléxis de Tocqueville já dizia em seu “Democracia na América” que a liberdade e igualdade tão proclamada pela república americana detinha problemas de desigualdade opressora. A voz da maioria suprimia (e suprime) o direito das minorias, estabelecendo moldes tirânicos de organização, com a alegação de que um maior número de pessoas pode se sobrepor à vontade de um número menor. Mas como lidar com isso? Talvez a resposta se encontre bem diante dos nossos olhos:

--> Declaração dos Direitos Humanos - Nações Unidas - 10/12/1948.
Artigo I.
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
--> Constituição Brasileira de 1988
Art. 5º.
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...

Igualdade e fraternidade não devem estar presentes apenas nas leis, mas no comportamento humano em sociedade. Desde o foro privilegiado nos altos escalões, até a mera organização por estudantes, de um circulo de discussões, ambos devem se basear nesses dois conceitos e, se constatado a opressão, revistos de forma que a igualdade respeitosa seja restabelecida. O primeiro caso é um flagrante exemplo de privilégio desnecessário. Resta saber até quando iremos nos omitir frente a essas situações.

Concluindo: a igualdade é uma farsa, quem quer direitos iguais tá pensando no seu beneficio sobre o efeito. Sempre.

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