sábado, 20 de março de 2010

Obs.:






Pleno emprego? "Uma ameaça, não uma promessa".

Socialistas? "Cordeiros em pele de lobo."

Lazer? "Trabalho pelo qual o chefe não te paga."

Eleições? "A mongocracia em ação."

Civilização? "A doença de pele da biosfera."

A direita? "Torta."

A esquerda? "Um zero à esquerda."

TP de Hankin Bey

Trecho do Livro: Caos - Terrorismo Poético e Outros Crimes Exemplares - Escrito por Hakim Bey
ESTRANHAS DANÇAS NOS SAGUÕES de Bancos 24 Horas. Shows pirotécnicos não autorizados. Arte terrestre, trabalhos-telúricos como bizarros artefatos alienígenas espalhados em Parques Nacionais. Arrombe casas mas, ao invés de roubar, deixe objetos Poético-Terroristas.

Rapte alguém e faça-o feliz. Escolha alguém aleatoriamente e convença-o de que ele é herdeiro de uma enorme, fantástica e inútil fortuna: digamos 8000 quilômetros quadrados da Antártida, ou um velho elefante de circo, ou um orfanato em Bombaí, ou uma coleção de manuscritos alquímicos. Mais tarde, ele irá dar-se conta de que acreditou por alguns poucos momentos em algo extraordinário, e talvez, como resultado, seja levado a buscar uma forma mais intensa de viver.

Organize uma greve em sua escola ou local de trabalho, com a justificativa de que não estão sendo satisfeitas suas necessidades de indolência e beleza espiritual.
A Arte do grafitti emprestou alguma graça à metrôs horrendos e rígidos monumentos públicos. A arte Poético-Terrorista também pode ser criada para locais públicos: poemas rabiscados em banheiros de tribunais, arte xerocada distribuída sob limpadores de pára-brisa de carros estacionados, Slogans em Letras Grandes grudados em muros de playgrounds, cartas anônimas enviadas a destinatários aleatórios ou escolhidos (fraude postal), transmissões piratas de rádio, cimento fresco...
A reação da audiência ou o choque estético produzido pelo Terrorismo Poético deve ser pelo menos tão forte quanto a emoção do terror: nojo poderoso, admiração supersticiosa, inspiração intuitiva repentina, angústia dadaísta - não importa se o Terrorismo Poético é direcionado a uma ou a várias pessoas, não importa se é "assinado" ou anônimo; se ele não muda a vida de alguém (além da do artista), ele falhou.

O Terrorismo Poético é um ato em um Teatro de Crueldade que não tem palco, nem assentos, ingressos ou paredes. Para funcionar, o TP deve ser categoricamente divorciado de todas as estruturas convencionais de consumo de arte (galerias, publicações, mídia). Mesmo as táticas guerrilheiras Situacionistas de teatro de rua já estão muito bem conhecidas e esperadas, atualmente.

Uma requintada sedução levada adiante não apenas pela satisfação mútua, mas também como um ato consciente por uma vida deliberademente mais bela: este pode ser o Terrorismo Poético definitivo. O Terrorista Poético comporta-se como um aproveitador barato cuja meta não é dinheiro, mas MUDANÇA.

Não faça TP para outros artistas, faça-o para pessoas que não perceberão (pelo menos por alguns momentos) que o que acabaste de fazer é arte. Evite categorias artísticas reconhecidas, evite a política, não fique por perto para discutir, não seja sentimental; seja impiedoso, corra riscos, vandalize apenas o que precisa ser desfigurado, faça algo que as crianças lembrarão pelo resto da vida - mas só seja espontâneo quando a Musa do TP tenha te possuído.

Fantasia-te. Deixa um nome falso. Seja lendário. O melhor TP é contra a lei, mas não seja pego. Arte como crime; crime como arte.

Livro: Caos - Terrorismo Poético e Outros Crimes Exemplares
Autor: Hakim Bey
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segunda-feira, 15 de março de 2010

O TP não ideológico como o cúmulo da ideologia


O TP pode centrar-se sobre ações ideologicas, ele não deve se limitar a qualquer tipo de non sense. No entanto, ações convencionais de esquerda, ao menos em bairro centrais, já saturaram todo espediente possível. Muitas vezes se tornam tediantes zonas de convencimento de uma determinada opinião. E o pior: modos de vida negativos, reclamarentos, e, sem dúvidas, entediantes. Quem não repudia aqueles carros e militantes chatíssimos do PSTU e PSOL a bravejar contra o FMI?? Haja saco. Este modo de ação, ao contrário de causar um impacto perceptivo procura um convencimento, como se a propaganda fosse o melhor dos intrumentos de modificação social. Ledo engano.

A procura de convencimento, se por um lado tem aspectos positivos, por outro acaba por tentar um enquadramento ideológico, um faça-isto e não um encontre-se a si: ao fazer isso afasta a pessoa dela mesma para tentar imputar-lhe padrões externos. Haja visto o exemplo de algumas contraculturas obsessivas e chatíssimas como as vezes se torna o movimento SxE e culturas veganas (nada contra SxE e vegans não radicais e não homogeneizadores).

O TP pode tornar-se um liberador de consciencias: não como limitação a padrões de propaganda, mas a singularidade e um modus viventi mais intenso e freak. Ao alucinar com o estabilishment o TP pode perfurar a ótica do homem comum, sua percepção limitante que o impede de olhar a si mesmo, nesse sentido o TP é um eliciador de mudanças, mas mudanças indetermináveis em conteúdo. Claro, espera-se que a forma seja libertária, rizomática e multipla.

Dessa forma, ao tentar libertar o desejo recalcado, mas não de pura sexualidade, desejo inventivo, o TP é não ideológico em sua ação, isto é, não age puramente como propaganda (claro, isso não deve ser regra!) na mesma medida em que é a mais pura ideológica: a ideológica afirmação da singularidade, da multiplicidade e do coração, um coração sufi, excentrico e desvairado.