Vamos esquecer por um instante os escândalos sobre os gastos públicos com os cartões de créditos federais. Hoje questiono sobre os males que as classes altas vêm ocasionando ao mundo, devido à busca frenética em manter seus privilégios e seus destrutivos modos de vida.
O discurso imposto pelos veículos educacionais e midiáticos vai à contra-mão desse questionamento, colocando no inconsciente coletivo que, talvez, a culpa dos males do país (e do mundo) seja a falta de educação e consciência do pobre e ignorante pertencente às classes mais baixas. Mas um olhar atento revela um consumo em abundancia das classes médias e altas, instruídas a comprarem para manterem-se com o status de “respeitáveis”.
Basta vermos os problemas de água que assolam o Brasil (maior detentor de água doce no planeta). O consumo desenfreado costuma acontecer nas regiões mais ricas da cidade, enquanto que o racionamento perpassa as favelas e periferias. Nada mais ridículo do que suprimir o fornecimento dos pobres para garantir aos ricos o direito de lavar seus carros, encher suas piscinas, irrigar seu jardim...
E o consumo de energia? Não é preciso nenhuma pesquisa do IBGE para sabermos que, uma casa no Morumbi consome mais energia que um amontoado de barracos de um cômodo com uma televisão, uma geladeira e um fogão. Também não precisamos de uma pesquisa federal para sabermos quem são os grileiros que desmatam florestas e colocam rebanhos imensos para pastar. Com certeza não é o seu Zé nem a Dona Maria. Aliás, para sobreviver entre esses escrupulosos grileiros, o tal “Seu Zé” recebe uma comidinha e uma moradia precária numa fazenda imensa, recebe seus trocados a cada arvore que derruba para o dono do rebanho, podendo gastar em dois tipos de consumo: mulher e cachaça. Desse jeito ele continua ignorante para ser explorado, e acima de tudo, feliz por beber e ter companhia de vez em quando.
Ah o diabo não seria tão eficaz! Aliás, falando no capta, existem muitas artimanhas para eliminar a culpa da consciência dos mais abastados: o “abasteça seu carro pelo plantio de uma árvore”, dos postos Ipiranga (que na verdade representa uma das maiores multinacionais que refinam petróleo pelo mundo). É simples, você enche o tanque do seu carrão, anda com ele pela cidade, enche o ar de poluição, e em troca os “Postos Ipiranga - Apaixonados por monóxido de carbono, como todo o brasileiro ” plantam árvores para você. Nada como uma boa idéia para acabar com o aquecimento global.
Pensando cá com meus botões, acho que entendo o porquê dos Estados Unidos serem os que mais poluem o mundo e se negarem a fazer algo para mudar. Talvez estejam elaborando boas idéias para continuarem seus níveis de consumo ao mesmo tempo em que plantam arvores em cada país que criticar seu “american way of life”, afinal para eles a camada de ozônio é importante, mas um carro é fundamental.
Agora imagine:
Imagine toda a população mundial com o nível de consumo de um americano médio...
Imagine só a Índia com seus mais de 1 bilhão de habitantes querendo cada um seu carro e sua casa no subúrbio (com jardim irrigado duas vezes por dia)...
Imagine quem é o grande filho da puta da vez...
Ps.: Rafa, não sei ao certo o que você queria, mas espero que tenha uma boa idéia a partir deste post para seu trabalho : )
terça-feira, 11 de outubro de 2011
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